Brasil nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul

.:: Medalha de Prata Dolorida ::.
Seleção Brasileira
Jogadores da Seleção Brasileira no Pódium com a Medaha de Prata
Em Pé: Não Identificado, João Paulo, André Cruz, Careca, Zé Carlos, Edmar, Carlos Alberto Silva,
Não Identificado, Nelsinho, Batista e Jorginho; Sentados: Neto, Andrade, Aloísio, Milton,
Luis Carlos Winck, Bebeto, Romário, Mazinho, Ademir, Taffarel e Geovani.
Crédito da Imagem: www.gettyimages.co.uk/Bob-Thomas
XXIV Jogos Olímpicos Seul 1988

A medalha de prata em Los Angeles ’84 – história do post anterior – surpreendeu os próprios brasileiros e forçou os dirigentes a abrirem os olhos: se com um time formado de última hora, com jogadores com pouca ou nenhuma experiência de seleção, e sem a colaboração da maioria dos grandes clubes foi possível chegar à final, por que não dedicar um mínimo de planejamento ao time olímpico para chegar a Seul não como azarão, mas com chances reais de ouro? Foi assim que formamos talvez a nossa melhor seleção olímpica de todos os tempos.

Depois da eliminação na Copa de 86, no México, e da saída definitiva de Telê Santana, a CBF anunciou Carlos Alberto Silva para o comando da Seleção. Mineiro como Telê, o novo treinador havia feito boa campanha com o Cruzeiro no Brasileiro daquele ano, resgatando o time celeste da má fase permanente em que esteve na primeira metade da década. E agora tinha a missão de renovar a Seleção, depois da aposentadoria de Falcão, Sócrates, Júnior e Zico. Assim, a formação da seleção veio naturalmente, casando com os critérios do COI e da Fifa de então.

O TORNEIO PRÉ-OLÍMPICO:

O começo foi complicado: no Pré-Olímpico de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), em abril e maio de 1987, o Brasil só avançou à fase final em segundo lugar no grupo, eliminando Uruguai e Paraguai no saldo de gols após um tríplice empate. No quadrangular decisivo, que apontaria as duas seleções que iriam a Seul, o time de Carlos Alberto Silva estreou perdendo para a Argentina. Depois, contra a Colômbia, saiu perdendo, mas virou e venceu por 2 a 1. Na última rodada, bateu a Bolívia pelo mesmo placar e se classificou – em primeiro lugar, graças aos tropeços dos hermanos argentinos.

A PREPARAÇÃO:

Em meados de 1988, o treinador já tinha o time quase definido, após várias experiências. Trazia revelações da Copa União do ano anterior – como o goleiro Taffarel e o zagueiro Aloísio (Inter), o meia Milton (Coritiba) e o meia-atacante Careca (Cruzeiro); jogadores um pouco mais rodados e em alta naquele momento (alguns já com experiência de Seleção) – como o zagueiro Ricardo Gomes (Fluminense), o lateral Jorginho e o meia-atacante Bebeto (ambos do Flamengo), o meia Neto (Guarani) e os pontas Valdo (Grêmio) e João Paulo (Guarani) -; e alguns já quase veteranos, como o volante Andrade (Flamengo), o meia Geovani (Vasco), o atacante Edmar (Corinthians) e dois remanescentes de Los Angeles: o lateral-direito Luis Carlos Winck (Inter), e o volante Ademir (agora no Cruzeiro). E havia Romário, aos 22 anos, infernizando adversários, fosse com a camisa do Vasco ou com a amarelinha. Um timaço.

Como preparação, o time disputou o Torneio Bicentenário da Independência da Austrália, contra a seleção da casa, a eterna rival Argentina e a Arábia Saudita, e sagrou-se campeão ao derrotar os australianos na decisão por 2 a 0. Depois, passou pela Europa, onde empatou com a Noruega, em Oslo (1 a 1), com a Suécia em Estocolmo (1 a 1) e bateu a Áustria, em Viena (2 a 0, com um gol antológico de Andrade). E em setembro, a caminho de Seul, ainda deu tempo de passar novamente por Los Angeles e levantar a extra-oficial Copa das Nações, vencendo a seleção olímpica Argentina, nos pênaltis, e o América do México por 3 a 0 (três de Romário) na decisão.

Mesmo assim, havia problemas pelo caminho: o lateral-esquerdo Nelsinho, do São Paulo, fraturou o dedão do pé direito e teve de ser cortado às vésperas da estreia. Para seu lugar, veio Mazinho, do Vasco. Andrade, que acabara de trocar o Flamengo pela Roma, só pôde se apresentar dois dias antes do primeiro jogo, e mesmo assim, lesionado. Mas quando o Benfica venceu uma queda de braço com a CBF e anunciou que não liberaria seus recém-contratados Ricardo Gomes e Valdo, não houve o que fazer a não ser lamentar as baicas;

O TORNEIO OLÍMPICO:

No dia 18 de setembro, enfim, a estreia contra a Nigéria, do atacante Rashidi Yekini. Em jogo duro no primeiro tempo, a goleada brasileira por 4 a 0 só começou a se desenhar aos 14 minutos da etapa final, com Edmar. Depois, Romário marcou duas vezes, e Bebeto completou nos últimos minutos. No dia 20, teríamos de novo a Austrália pela frente: vitória fácil por 3 a 0, três do Baixinho Romário. Três que poderiam ter sido quatro: o atacante converteu um pênalti sofrido por ele mesmo, mas o árbitro mandou voltar a cobrança por invasão. E, desta vez, o goleiro australiano defendeu.

O último adversário da primeira fase seria a Iugoslávia, que reunia vários jogadores que disputariam a Copa da Itália, dali a dois anos. Entre eles, os meias Srecko Katanec e Dragan Stojkovic e o atacante Davor Suker. Mas o Brasil era favorito, credenciado pela boa campanha, e abriu 1 a 0 com o lateral-esquerdo improvisado André Cruz, em uma bomba na cobrança de falta que acertou a trave antes de entrar, aos 25 minutos da primeira etapa. No segundo tempo, Bebeto aproveitou rebote do goleiro após chute de Romário e ampliou, antes de Sabanadzovic descontar. Três jogos, três vitórias, nove gols marcados, só um sofrido. Um belo cartel para apresentar ao adversário das quartas: a Argentina.

Com Andrade começando pela primeira vez nos Jogos como titular, o meio-campo ficou mais compacto. Outra alteração foi a volta de Jorginho, recuperado de problema físico, à lateral esquerda, com André Cruz formando a zaga com Aloísio. Na frente, Bebeto também ganhou a vaga, tendo Romário como parceiro. Mas a vitória brasileira de 1 a 0 não viria através de nenhum dos dois. O meia e capitão Geovani pegou o arqueiro argentino Islas de surpresa com um chute da intermediária, aos 31 minutos do segundo tempo, e marcou o único gol do jogo.

Nas semifinais, uma batalha épica contra o grande time da Alemanha Ocidental, de Thomas Hassler e Jurgen Klinsmann. Os brasileiros saíram atrás: Wuttke levantou cobrança de falta na área, a defesa falhou na linha de impedimento, e o líbero Fach apareceu sozinho para cabecear para o fundo das redes. Mas também de cabeça veio o empate do Brasil: Careca recebeu na ponta direita, foi à linha de fundo e cruzou para Romário marcar. Dois minutos depois, no entanto, por muito pouco não veio também a eliminação: Geovani cometeu pênalti bobo em Klinsmann e, para piorar, recebeu o cartão amarelo que o deixaria de fora da final, caso a Seleção avançasse. Mas Taffarel brilhou pela primeira vez na partida ao defender a cobrança de Funkel.

Um a um no tempo normal e prorrogação, veio a decisão nos pênaltis. E como contra o Canadá, em 1984, o goleiro brasileiro virou herói. Pegou a primeira cobrança, de Janssen. João Paulo fez 1 a 0 Brasil. Klinsmann acertou a trave. Luis Carlos Winck ampliou. Kleppinger descontou para os alemães. Romário converteu o terceiro penal brasileiro. Fach diminuiu de novo para a Alemanha. André Cruz teve o seu defendido por Kamps. Quando já se temia o empate dos europeus, veio a quinta cobrança alemã, com Wuttke. E Taffarel pegou. O Brasil estava, pela segunda vez consecutiva, na final do ouro olímpico.

Na final, o adversário era, ironicamente, uma seleção de um país comunista, a URSS. Que não esteve em Los Angeles – juntamente com seus países-satélites do mundo socialista – ao revidar o boicote sofrido dos países do bloco capitalista aos Jogos de Moscou, em 1980. Mesmo desta vez competindo em igualdade de condições com as outras seleções (o que não acontecia pelo regulamento olímpico antigo que bania profissionais), os soviéticos tinham uma equipe forte o suficiente para chegar à final com méritos, derrotando pelo caminho Argentina e Itália.

Sem Ademir e Geovani, suspensos, o Brasil entrou com Milton ao lado de Andrade e Neto como armador. E foi o substituto do capitão brasileiro que iniciou a jogada do gol brasileiro: o meia do Guarani bateu escanteio fechado, venenoso, para o cabeceio de Romário, livre na pequena área: 1 a 0 aos 29 minutos da primeira etapa. Mas o time vermelho empatou quando Dobrovolski converteu pênalti duvidoso, aos 17 do segundo tempo. Enfrentaríamos outra prorrogação.

Logo aos cinco minutos do tempo extra, os soviéticos tiveram o atacante Tartatchouk expulso. Mas o Brasil não soube aproveitar a vantagem de ter um jogador a mais. O time adversário se fechou e passou a explorar os contra-ataques. E aos 14 minutos, saiu o gol da virada. Após um tiro de meta, o meio-campo brasileiro não cortou, e Savitchev ganhou fácil na corrida de André Cruz, antes de tocar por cobertura na saída de Taffarel. O Brasil tentou o empate nos últimos 15 minutos, mas também teve um jogador expulso (o atacante Edmar, que havia entrado no lugar de Neto), e teve de lamentar a prata – ao contrário de se contentar com ela, como em 1984. Em Seul, tivemos tudo para levar o ouro.

A PREMIAÇÃO:

Ou quase tudo: na véspera da final estourou uma crise entre cartolas e jogadores envolvendo a premiação por chegar à decisão. O vice-presidente da CBF, Nabi Abi Chedid, acusou os atletas de mercenários. E estes, liderados por Romário, rebateram afirmando que estavam dispostos a jogar até sem receber nada, somente pela medalha, mas que os dirigentes haviam feito uma proposta, a qual não tinham cumprido.

JOGADORES VALORIZADOS:

De todo modo, a Seleção Olímpica de 1988 acabou servindo de vitrine para que vários de seus jogadores trocassem o futebol brasileiro pelo europeu. Ainda durante a preparação para os Jogos, Ricardo Gomes e Valdo trocaram, respectivamente, o Fluminense e o Grêmio, pelo Benfica; o mesmo aconteceu até com veteranos, como o volante Andrade (que trocou o Flamengo pela Roma) e o atacante Edmar (foi do Corinthians para o Pescara italiano). Depois do torneio, Romário foi negociado pelo Vasco com o PSV holandês; o zagueiro Aloísio deixaria o Internacional para jogar no Barcelona; e o meia Milton foi vendido pelo Coritiba ao Como, da Itália. (Fonte: blogs.lance.com.br)


Torneio de Futebol Masculino
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D
Suécia Zâmbia União Soviética Brasil
Alemanha Ocidental Itália Argentina Austrália
Tunísia Iraque Coréia do Sul Iugoslávia
China Guatemala Estados Unidos Nigéria
Medalha de Ouro: URSS; Medalha de Prata: Brasil e Medalha de Bronze: Alemanha;

Elenco da Seleção Brasileira - Brazil National Team Squad
Nome Completo Alcunha Clube
01 GK Cláudio André Mergen Taffarel Taffarel Internacional/RS 6 4
02 LD Jorge de Amorim Campos Jorginho Flamengo/RJ 4
03 ZA João Batista Viana Santos Batista Atlético/MG 2 1
04 ZA Ricardo Gomes Raymundo Ricardo Gomes Benfica/POR
05 MV Ademir Roque Kaefer Ademir Cruzeiro/MG 5 2
06 LE Iomar do Nascimento Mazinho Vasco/RJ
07 MA Valdo Cândido Oliveira Filho Valdo Benfica/POR
08 MC Geovani Faria da Silva Geovani Vasco/RJ 5 1 2
09 AT Edmar Bernardes dos Santos Edmar Corinthians/SP 4 1 1
10 MA Hamilton de Souza Careca Cruzeiro/MG 6 1
11 AT Romário de Souza Faria Romário Vasco/RJ 6 7
12 GK José Carlos da Costa Araújo Zé Carlos Flamengo/RJ
13 ZA André Alves da Cruz André Cruz Ponte Preta/SP 6 1
14 LD Luís Carlos Coelho Winck Luís Carlos Winck Internacional/RS 6 2
15 ZA Aloísio Pires Alves Aloísio Internacional/RS 6 2
16 MC Milton Luiz de Souza Filho Milton Coritiba/PR 6
17 MC José Ferreira Neto Neto Guarani/SP 2
18 PE Sérgio Luís Donizetti João Paulo Guarani/SP 3
19 MV Jorge Luís Andrade da Silva Andrade Roma/ITA 6
20 AT José Roberto Gama de Oliveira Bebeto Flamengo/RJ 6 2 1
Coach: Carlos Alberto Silva C.A. Silva Confederação Brasileira de Futebol
Capitão da Seleção Brasileira: Giovani Faria da Silva
Estreantes: Todos, Exceto Ademir e Luis Carlos Winck;
Observação: Nelsinho quebrou um dedo do pé, nos treinos, e foi cortado. Mazinho o Substituiu;
Romário foi o artilheiro do torneio com 7 gols marcados;
Observação: O zagueiro Ricardo Gomes e o atacante Valdo foram inscritos mas não participaram do torneio. O motivo foi a não liberação do Benfica, de Portugal, donos de seus passes;
Observação: Mazinho só esteve presente a partir do terceiro jogo da seleção brasileira

Campanha do Brasil Brazil Matches

4 : 0 18 de Setembro de 1988
Daejeon Hanbat Stadium
Daejeon

3 : 0 20 de Setembro de 1988
Dongdaemun Stadium
Seoul

2 : 1 22 de Setembro de 1988
Daejeon Hanbat Stadium
Daejeon

1 : 0 25 de Setembro de 1988
Dongdaemun Stadium
Seoul

1 : 1
(3 : 2)
27 de Setembro de 1988
Olympic Stadium
Seoul

1 : 2 1 de Outubro de 1988
Olympic Stadium
Seoul

.:: Classificação Final ::.
Torneio Jogos Vitórias Empates Derrotas Gols Pró Gols Contra Posição
6 4 1 1 12 4
.:: Talvez Você Goste Disso ::.
1916 1917 1919 1920 1921 1922 1923 1924 1925 1926
1927 1929 1930 1934 1935 1937 1938 1939 1941 1942
1945 1946 1947 1949 1950 1952* 1952* 1953 1954 1955
1956* 1956* 1957 1958 1959* 1959* 1960* 1960* 1962 1963
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